Zombie Walk - Manaus - 2007
"Manaus é a cidade dos mortos. A Manaus que você conhece está sobreposta sobre MANAOS, a terra dos mortos: etnias soterradas que vez por outra mostram suas caras em algum canteiro de obras na cidade. E isso não é algo que se reduz ao centro comercial (que na verdade é o sul da cidade), apenas à praça D. Pedro II; urnas funerárias de cerâmica brotam na região norte, no bairro Nova Cidade, aos cacos, devido à leveza dos tratores agindo sob o lema: "é preciso terraplenar". Os cacos ainda foram "salvos" por causa dos trabalhadores da obra que tiveram a sensibilidade de perceber que aquelas peças não fazem parte do "nosso" mundo, pois são de outra "dimensão histórica", de outra época, elas pertencem aos "outros" que vivem sob nossos pés."
"Manaus é a cidade dos mortos. A Manaus que você conhece está sobreposta sobre MANAOS, a terra dos mortos: etnias soterradas que vez por outra mostram suas caras em algum canteiro de obras na cidade. E isso não é algo que se reduz ao centro comercial (que na verdade é o sul da cidade), apenas à praça D. Pedro II; urnas funerárias de cerâmica brotam na região norte, no bairro Nova Cidade, aos cacos, devido à leveza dos tratores agindo sob o lema: "é preciso terraplenar". Os cacos ainda foram "salvos" por causa dos trabalhadores da obra que tiveram a sensibilidade de perceber que aquelas peças não fazem parte do "nosso" mundo, pois são de outra "dimensão histórica", de outra época, elas pertencem aos "outros" que vivem sob nossos pés."
"O IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, através de sua representante no Amazonas, Bernadete Andrade, vem desenvolvendo uma luta acirrada em defesa da preservação dos sítios arqueológicos da Praça D. Pedro II e do bairro Nova Cidade. Conta com o apoio do Ministério Público Federal, graças à sensibilidade do procurador Eduardo Barragan. No entanto, muitos empreiteiros que constroem casas na área do Nova Cidade permanecem insensíveis e não assumem suas responsabilidades."1
Situação paradoxal onde o peão tem mais sensibilidade do que o patrão emprenteiro (E agora Mestre Marivon?) Claro que não é tão paradoxal assim se observada pela ótica do capitalismo burro, soterrador e destruidor de riquezas que guia a cabeça de alguns tomadores de decisão.
Porém eis que chegou à minha cripta a informação de que os mortos de MANAOS virão tomar conta de Manaus em data incerta ainda, a contar a partir de abril. Trata-se da Zombie Walk Manaus, algo que no português corrente seria uma"Parada Zumbi". Uma caminhada de mortos vivos sobre os asfaltos esburacados de Manaus (dizem até que o portal de onde os zumbis vão sair é uma dessas crateras asfálticas conhecidas pelo nome de Porfirão).
Um percurso de alguns quilômetros onde os zubis desta terra reivindicarão seu espaço em Manaus. É uma mobilização política ou coisa de Emos ? Me pergunta alguém. Respondo: Será por pura diversão, meu caro, afinal, como serão as expressões faciais das pessoas de bem, das familias manauaras de classe média ao verem uma legião de zumbis pela Djalma Batista, parando o trânsito ? Como os de Manaus receberão os MANAÓS ?
As consequências são sempre políticas, mas o ato inicial é de pura diversão, porque no final do percurso haverá shows de bandas locais, como uma festa, até porque o Rock é o único que consegue unir diversão à coisa séria. E existe algo mais político do que os mortos se fazerem mais vivos que os vivos da cidade ?
Sim, essa cidade precisa de vida contra esse niilismo criado a partir do pólo industrial. O fantasma, que sempre nos apavora, de que a cidade depende vitalmente dessa entidade chamada "Polo Industrial da Zona Franca de Manaus", que opera como um portal que emana vida à cidade. FODA-SE o Pólo!! Sabemos que um dia ele morrerá como os MANAÓS morreram, mas a cidade continuará...
Sobre os EMOS, eles serão bem vindos assim como todas as "tribos" urbanas que quiserem participar, mas sem duvida não será um evento EMO.
Finalizando e parafraseando a célebre frase da Noite dos Mortos Vivos "Quando não houver mais lugar no Inferno, os mortos caminharão sobre a Terra"
No nosso caso seria, "Quando a mesmice, o tédio e a repetição tomarem conta de Manaus, os mortos caminharão sobre ela para fazer a festa"
1 Trecho extraído do TAQUIPRATI (Aê Bessa, consegui dar Ctrl+C no seu site, qualquer idiota conseguiria, sugiro você liberar de vez... lançou ao mundo é do mundo)