sexta-feira, janeiro 05, 2007

O Nada niilista
O Niilismo é algo que se impõe como uma névoa sob o último facho de luz trazendo a escuridão e impedindo o andarilho de continuar sua travessia. É quando a própria travessia perde o sentido de ser. Pra quê seguir em frente? Pergunta o andarilho. A resposta nunca virá porque o niilismo já tampou seus ouvidos e porque agora ele passa a ser o próprio herói no momento em que o andarilho se questiona. Ele então cai sem vida no chão da trilha, vampirizado pela sua própria incerteza.

O nada niilista opta pelo passo atrás. Sempre. A cautela é sua artimanha predileta para driblar a criação e manter mundo enfadonho e entediante. Não que seja "conservador", como entendemos no sentido clássico da palavra, pois conservar algo seria no minimo acreditar nesse algo e lutar por essa crença. Mas sim desertor de toda jornada que se queira travar. É o jogador que desiste antes de jogar, é o espectador que sai antes do filme começar.

Ao contrário do nada criativo, que é a descoberta da possibilidade da criação a partir do nada (se não há ordem isso não quer dizer que haverá necessáriamente o caos, pode haver, por exemplo a criação de uma "outra" ordem ), o nada niilista é a afirmação da impossibilidade dessa criação; não por uma "preguiça" do espírito, mas pela consciência e pela crença de que tudo é sempre em vão.
O passo atrás e cauteloso dado pelo niilismo sempre nos engana, porque sempre nos dá a impressão de que se trata de uma escolha estratégica para uma decisão mais precisa, quando na verdade sabemos que este passo atrás é sempre dado como expectativa de negação da realidade, de volta ao tempo, de uma volta que se estende ao útero materno como um ato de correção, pois como já dizia Shoppenhauer "A vida é um erro".
O nada niilista é uma página em branco que quer se manter em branco.

Um comentário:

Anônimo disse...

Continuo acompanhando os textos, viu? E aprendendo sobre o Criativo e o Niilista.